Dono de pousada onde casal de universitários morreu presta depoimento


Se confirmada que a estrutura física do chalé era inadequada e que houve negligência da pousada, ele poderá ser indiciado por homicídio culposo


ARQUIVO PESSOAL/FACEBOOK
Gustavo Lage Caldeira Ribeiro e Alessandra Paolinelli
Casal de namorados foi encontrado morto em uma pousada de Brumadinho
O empresário Luciano Drumond, um dos proprietários da Pousada Estalagem do Mirante, em Brumadinho, na Grande BH, prestou depoimento na manhã desta quinta-feira (24) no Departamento de Investigações (D.I.). Luciano chegou por volta das 10 horas acompanhado de dois advogados, preferiu não falar com a imprensa e foi ouvido pela delegada Elenice Ferreira, da Homicídios Sul.


À tarde, a recepcionista da pousada onde o casal Alessandra Paolinelli, 22 anos, e Gustavo Lage, 23, foi encontrado morto, também deve ser ouvida. Os depoimentos da camareira e do gerente do estabelecimento estão marcados para sexta-feira (25). Se confirmada que a estrutura física do chalé não era adequada e que houve negligência por parte da pousada, o que teria provocado a morte do casal, Luciano Drumond poderá ser indiciado por homicídio culposo, com pena que varia de 1 a 3 anos de detenção.

De acordo com a delegada Elenice Ferreira, o objetivo é obter informações para esclarecer o que provocou a morte do casal. O dois se hospedaram na pousada na tarde do último dia 15 para comemorar um ano de namoro e foram encontrados mortos pela polícia na manhã do dia 17.

O laudo toxicológico, divulgado pelo Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte, acusou alta taxa de monóxido de carbonos (carboxihemoglobina) no sangue dos dois jovens - 68% em Gustavo e 62% em Alessandra. Uma das hipóteses investigadas é de que os jovens tenham morrido intoxicados após inalarem monóxido de carbono - gás inodoro e incolor - supostamente liberado na queima da lenha da lareira do chalé. Como estava frio, com portas e janelas fechadas, o casal teria tomado vinho, desmaiado e acabou morrendo intoxicado.

A delegada informou que aguarda o laudo pericial local de engenharia legal que poderá concluir se a lareira estava em bom funcionamento, se havia algum tipo de vazamento, obstrução ou se houve falha de manutenção ou negligência. Amostras da lenha utilizada também estão sob análise.

Uma das hipóteses levantadas seria que a lenha poderia ter recebido algum tipo de tratamento que a tornou tóxica. Essa possibilidade foi descartada pelo professor de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa, José da Costa. O advogado Fernando Júnior, que representa os interesses da pousada, adiantou que a lenha utilizada nas lareiras é de fornecedor certificado.

Na quarta-feira (23), o Governo mineiro anunciou que irá divulgar uma cartilha para pousadas e hotéis sobre a utilização correta de lareiras, tanto à lenha quanto à gas.