Caratinga fora do risco da DENGUE

DO DIÁRIO DE CARATINGA
Apesar de ser decretado alerta do risco de dengue em todo o estado, Caratinga está fora de perigo, mesmo estando próximas as cidades do Vale do Rio Doce e Vale do Aço, que são prioridades na lista de combate. A orientação agora é continuar com o trabalho de intensificação criando uma barreira contra o Aedes Aegypti.   

Agentes de Saúde se preparam para intensificar ações contra a dengue em Caratinga. O reforço irá acontecer por todo o mês de janeiro, período propício para a proliferação do mosquito devido às constantes chuvas e o acúmulo de água. As ações contra o mosquito são fundamentais para minimizar os riscos da doença no município.

De acordo com o secretário de Saúde, Thales Edison Chaves, Caratinga ainda não está em risco de alerta da doença, mas em cidades vizinhas o Aedes aegypti não dá folga; em Governador Valadares e todo o Vale do Aço, estão da lista de prioridade no combate à dengue no programa do Ministério da Saúde.
De acordo com Thales Caratinga registra índice menor de infestação do mosquito, abaixo do preconizado pelo Ministério da Saúde. Ele elogia o trabalho executado em 2010 pela vigilância sanitária: “José Carlos (Damasceno) exerceu um excelente desempenho no combate à dengue”, explica. Damasceno pediu afastamento do departamento e deve ser substituído por Erick Gonçalves, de outro departamento da Secretaria de Saúde. 
 

O secretário disse que por orientação do governo de Minas nessa época do ano o trabalho deve ser intensificado. “O trabalho começou em dezembro de 2010; contratamos 15 funcionários e ao todo mais de 50 estão envolvidos no controle da dengue”, ressaltou.
 

De acordo com Thales o trabalho de combate à dengue acontece o ano inteiro na cidade, e que apenas neste período o trabalho é reforçado. Até abril a equipe irá fiscalizar lotes vagos, ferro velho, e depósitos clandestinos de lixo, à procura de foco do mosquito transmissor. Além disso, trabalho de conscientização será ampliado com a comunidade e nas escolas.
 

Para o secretário o papel da PMC é orientar a população, pesquisar junto com agentes possíveis focos de mosquitos e combatê-los, fazer visitas e agir junto ao Ministério Público, autuando empresas que não tomam os devidos cuidados. “Além desses cuidados, devemos fazer o combate urbano e em situações extremas usar o fumacê, dentre outros serviços de intensificação”, explica.
 

Já o papel do cidadão é verificar o quintal de sua casa, vasos de flores, caixa de água e calhas. “Além disso, o cidadão pode denunciar seu vizinho que não esteja se preocupando com o risco; aí vamos até o local orientar o proprietário e se precisar autuá-lo”, adverte. 
 

Existem em Caratinga 162 armadilhas espalhadas por toda a cidade. “Temos 32 bairros, ou seja, são aproximadamente cinco armadilhas em cada bairro, os agentes verificam essas armadilhas e analisam o mosquito que ficou preso e se ele trouxer risco o trabalho naquele bairro será intensificado”, ressalta.
                      

NA REGIÃO

Em Governador Valadares a Força Tarefa de Combate à Dengue, composta por 32 agentes, recolheu nos primeiros dias do ano objetos que acumulam água (pneus, garrafas pet e latas) foram trocados por cerca de 25 mil lápis, 25 mil borrachas e três mil cadernos. Todo o material recolhido está sendo descartado em dois ecopontos da cidade: pneus no galpão de pneus da Companhia de Armazéns e Silos de Minas Gerais (Casemg) e as garrafas pet e latas, na Associação de Catadores de Materiais Recicláveis Natureza Viva (Ascanavi).
 

Desde o dia 7 de janeiro, Dengue Móvel “Dengômetro”, um estande oferece a população materiais de divulgação como panfletos, vídeos e adesivos sobre a doença.
 

Na cidade de Coronel Fabriciano o prefeito Francisco Simões rejeitou o convite da Secretaria de Estado de Saúde e não receberá a força-tarefa estadual para combate à dengue, mesmo estando em sinal de alerta. A decisão foi anunciada no dia 11 de janeiro, no gabinete do prefeito. Francisco Simões (PT) justificou que não aceitou firmar a parceria porque, em sua opinião, a ação trará “mais custos que benefícios” para o município.
 

A força-tarefa ficaria na cidade do dia 4 ao dia 14 de janeiro e trocaria objetos que acumulam água por material escolar. Um pneu, por exemplo, poderia ser trocado por um caderno, uma garrafa pet por um lápis e uma lata por uma borracha.Em Ipatinga na primeira semana do ano a cidade teve um levantamento do Índice do Aedes Aegypti (Liraa) do ano, com mais de seis mil residências visitadas durante três dias consecutivos. Mais de 150 agentes de Controle de Endemias (ACE) atuam neste trabalho nas ruas. O último levantamento realizado em outubro do ano passado apresentou queda de 75%.


FORÇA TAREFA

O Governo de Minas destinou para o primeiro semestre de 2011 cerca de R$ 60 milhões para o combate à dengue. A Força Tarefa é formada por 432 pessoas, sendo 200 soldados do Exército, 40 da Aeronáutica e 192 agentes de saúde. Essas pessoas farão uma varredura nas áreas consideradas de risco, visitando casas, percorrendo lojas comerciais e lotes baldios para eliminar os possíveis focos do mosquito. Além disso, a Força Tarefa conta com dez ônibus para dar suporte às equipes de trabalho, 70 carros fumacê, 600 bombas costais, nove caminhões (Dengue Móvel) e 20 Dengômetros. As grandes inovações apresentadas pela Força Tarefa são o Dengue Móvel e o Dengômetro.
 

O Dengômetro é um espaço de convivência e acesso às informações sobre a dengue. Ele é instalado nos pontos de maior circulação de pessoas e em áreas de convívio social. Nos Dengômetros, pessoas treinadas pela SES alertam sobre a importância da participação de todos na prevenção e controle da doença. O Dengue Móvel, por sua vez, é um caminhão que percorre os bairros trocando entulhos recicláveis por material escolar. Latas, garrafas pets e pneus serão trocados por cadernos, borrachas e lápis para estimular a população a retirar de casa os objetos que possam acumular água e virar possíveis criadouros do mosquito. 

DENGUE EM MINAS

Matéria publicada ontem no jornal Estado de Minas mostra que há um milhão de pessoas contaminadas no Brasil. Já são 550 mortos e uma preocupante estatística para Minas Gerais: de cada grupo de quatro vítimas da dengue no país em 2010, uma foi de Minas. Para cada grupo de cinco pessoas que morreram vítimas da doença, uma era mineira. O quadro lamentável do ano passado corre o risco de se repetir este ano no território nacional, caso não haja ações consistente para barrar o avanço do mosquito. Por isso, autoridades federais se reuniram com a presidente Dilma Rousseff (PT) para traçar estratégias de controle do inseto, que ganha força nesta época do ano. 
 

O Ministério da Saúde traçou um novo mapa da enfermidade e constatou indícios ameaçadores: 16 estados estão com risco muito alto para uma epidemia de dengue. Nove, incluindo Minas Gerais, estão com risco alto para a doença. Na lista do Aedes aegypti, 70 municípios correm perigosa ameaça, entre eles 12 mineiros.
 

A situação levou o novo secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, a comparar a dengue à temida Aids. “São males que mais desafiam a mudança de comportamento. Se antes a luta era para evitar os casos, agora é para não haver mortes e notificações graves”, declarou. O novo plano pretende atacar o Aedes aegypti em duas frentes: é criar estratégias intersetoriais dentro dos órgãos públicos, com a união de esforços na luta contra o mosquito; integrar a atenção à saúde e vigilância em saúde. “Queremos estimular estados e municípios a ampliar parcerias no combate à dengue”, disse o ministro Alexandre Padilha, que convidou 12 pastas para integrar a estratégia. Caberá ao Ministério das Cidades, por exemplo, usar recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) destinados ao trabalho técnico social nas ações educativas de combate à dengue em mais de 11 mil obras de saneamento. 
 

Na próxima semana, será criado um pacto entre os secretários dos 16 estados com risco muito alto para epidemia de dengue. “Vamos analisar as ações e planos de contingência e fazer um checklist do que tem sido feito. A intenção é constatar se há profissionais preparados, estimular os governadores a chamar os prefeitos e reforçar nos estados a rede de atenção à saúde”, defendeu o ministro Padilha. 
 

Mas não vai ser nada fácil. Com a aplicação do critério de densidade populacional aos 178 municípios com alto índice de infestação pelo mosquito, o ministério identificou nada menos do que 70 cidades – 12 delas mineiras – prioritárias para o combate ao inseto. 
 

A estratégia nesses municípios será de monitoramento diário do número de óbitos e, semanalmente, da quantidade de casos, num sistema implantado em parceria do governo federal com as secretarias estaduais e municipais de saúde. Ou seja, Belo Horizonte, que mantinha um acompanhamento do número de casos de mortes por semana, terá que fazê-lo diariamente. Assim, será também nos outros 11 municípios mineiros. De acordo com Padilha, o investimento inicial será de R$ 1,8 bilhão. 
 

O recorde de casos da doença no ano passado foi justificado por Jarbas Barbosa pela circulação da dengue tipo 1, principalmente em Minas e São Paulo. Do 1 milhão de casos notificados no país, mais de um quarto deles foram no território mineiro. Foram 259.024 notificações, com 103 óbitos. Ocorreram 184 casos de febre hemorrágica e 1.136 de dengue com complicações. 
 

Segundo informou a Secretaria de Estado de Saúde (SES), desde que o governo de Minas declarou guerra ao mosquito, em 17 de novembro, 200 agentes de campo, militares do Exército e da Aeronáutica percorreram 14 municípios mineiros com histórico de transmissão da doença. O Dengue Móvel, veículo que oferece material escolar por pneus, garrafas PET e outros materiais que sirvam de depósito de larvas para o Aedes aegypti, fez 309.076 trocas. Serão investidos, neste semestre, cerca de R$ 60 milhões e o próximo passo é continuar com a força-tarefa em outros municípios que apresentem situação crítica e, também, mobilizar as demais cidades na prevenção e combate à dengue. 
 

Mesmo com todo esse barulho, o vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Antônio Carlos Toledo, ressalta: “Enquanto não houver uma vacina para a doença, vamos estar longe de resolver o problema definitivamente”. 
No meio de todo este alerta, Minas está, por enquanto, livre de pelo menos uma ameaça: o vírus tipo 4 já entrou no país, mas ainda não chegou ao estado. “Historicamente, os vírus vêm para cá depois de passar pelo litoral. Se for pelo Rio, pode demorar uns dois anos”, aposta.


ROTA DO MOSQUITO 

Municípios mineiros na lista de prioridade no combate à dengue do Ministério da Saúde 

Belo Horizonte 
Betim – região metropolitana 
Contagem – região metropolitana 
Ribeirão das Neves – região metropolitana 
Santa Luzia – região metropolitana 
Juiz de Fora – Zona da Mata 
Uberaba – triângulo mineiro 
Uberlândia – Triângulo 
Governador Valadares – Vale do Rio Doce 
Timóteo – Vale do Aço 
Coronel Fabriciano – Vale do Aço 
Ipatinga – Vale do Aço